25 de outubro de 2015

Vaticano é a «casa de todos», diz bispo moçambicano


O arcebispo de Maputo, D. Francisco Chimoio, mostrou-se satisfeito com o desenrolar do Sínodo dos Bispos sobre as famílias e espera que os trabalhos ofereçam força e coragem às famílias católicas. “Queremos ajudar as famílias a ser cada vez mais fortes”, declarou o prelado moçambicano, em declarações à Agência ECCLESIA e Família Cristã, em Roma.

O arcebispo, que participou nos trabalhos da 14ª assembleia geral ordinária do Sínodo dos Bispos, sobre a família, elogiou as famílias “corajosas” que dão o melhor de si próprias face às dificuldades do seu quotidiano, com “amor, transparência e responsabilidade”. Após o final deste percurso de reflexão, o “grande trabalho” é acompanhar todas as famílias, para as “alertar e fortalecer”. D. Francisco Chimoio deixa críticas à ideologia do género, que “mina as bases da família”, antes de reconhecer que o debate sobre o acesso dos divorciados recasados à Comunhão causou alguma tensão, sublinhando que os bispos nunca “colocaram em questão a doutrina”. “Eu, como bispo, não posso dizer a um cristão ou a uma cristã, sabendo que não está em graça, que vá comungar”, observou.

Para o arcebispo de Maputo é necessário «acompanhar». «Não se pode apontar o dedo a ninguém, não se pode desprezar alguém só porque falhou», mas «acompanhar não é dizer que está tudo bem: é dizer a verdade, porque é esta que salva». O responsável mostrou-se impressionado com a situação em que muitos católicos vivem, por todo o mundo, e diz que também por isso o Sínodo «foi um momento de graça».

Além das perseguições religiosas e do fundamentalismo, muitos cristãos enfrentam os ataques do laicismo, «uma onda que há de passar com o tempo, porque não é possível que as pessoas se sintam felizes longe da presença de Deus». Em Moçambique começam a sentir-se os desafios do «materialismo e do relativismo» potenciados pela globalização, para além dos problemas levantados pelos casamentos de muitas mulheres com muçulmanos e deixam de fazer parte da comunidade cristã. «É um grande desafio que temos», admite D. Francisco Chimoio.

Nos trabalhos da assembleia sinodal, o prelado moçambicano abordou a dimensão «missionária» das famílias, que podem dar um «impulso» à ação da Igreja Católica, a começar pelos próprios filhos, na sua iniciação à fé. O responsável fala do Sínodo como um «encontro de irmãos» e descarta uma «regionalização» da Igreja Católica, evidenciando a centralidade da figura do Papa, «um pastor para todos». «É saudável isto, porque senão não temos unidade. Esta é a casa de todos, o Vaticano é a casa de todos», referiu, sublinhando que os bispos não trabalham «sozinhos».

D. Francisco Chimoio abordou ainda a nova responsabilidade que as dioceses assumem com a criação dos chamados «processos breves» em relação a uma eventual declaração de nulidade matrimonial. «Não vai ser um trabalho simples», admite.

Texto: Octávio Carmo
Fotos: Ricardo Perna

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