14 de outubro de 2015

Um Sínodo de mudança na forma, não no conteúdo

Enquanto jornalista, tenho vindo a acompanhar os trabalhos do Sínodo com afinco, no sentido de os noticiar e dar a conhecer a todos. Como cristão, fico sempre muito espantado com a alegada divisão interna de que o Sínodo padece. Cartas ao Papa, teoria da conspiração, lóbis, de tudo já se falou cá fora e lá dentro. Ninguém sabe bem no que isto vai resultar, até porque agora são os próprios bispos que já pedem um novo sínodo, que estas três semanas não vão chegar para tudo.

No meio de toda a confusão mediática que alguns órgãos, jornalistas e participantes no Sínodo procuram criar, é possível encontrar já frutos do que tem sido a discussão sinodal, que é afinal o que interessa ao Papa e a todos os que seguem o evento com atenção. Desde logo, a comunicação e a linguagem. A Igreja está verdadeiramente preocupada com a forma como recebe e acolhe as pessoas. A linguagem é uma preocupação que vai estar nas prioridades da Igreja, assim como a preparação para o matrimónio.

Depois de, no último Sínodo, os padres sinodais terem falado de uma melhor preparação, mas sem aumentar o tempo ou o peso, agora o discurso mudou e já se fala na necessidade de uma formação maior no tempo, que permita uma ligação à comunidade, e a urgência de um acompanhamento pós-matrimónio, na comunidade, para ajudar a que não surjam tantas ruturas.

Os participantes no Sínodo valorizaram ainda o heroísmo da experiência familiar, e criticaram a visão demasiado ocidentalizada da realidade familiar, pedindo que se abra espaço para uma visão mais global da família.

 Não sabemos se este Sínodo será suficiente para o Papa, ou se haverá mais sessões sinodais, ou outras formas de aprofundamento destas matérias. Mas o que parece claro é que o Espírito atua já sobre a aula sinodal. É certo que virão mudanças, no sentido da Igreja poder chegar mais perto de quem precisa da sua misericórdia, da sua atenção, do seu carinho. Quais serão, só o Papa saberá.

A nós, resta-nos acompanhar os trabalhos com a certeza de que a Igreja não está parada, está viva e desejosa de, como há dois mil anos, apresentar a sua Boa Nova a todos os povos, mesmo que isso signifique abanar as fundações e fortalecer os princípios.

Texto: Ricardo Perna

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