18 de novembro de 2014

Papa convida a defender família perante ameaças contemporâneas

O Papa Francisco recebeu hoje no Vaticano os bispos católicos da Zâmbia, perante os quais deixou um alerta para os «grandes desafios» que ameaçam a vida social e eclesial, em particular para as famílias. «Quando as famílias estão em perigo, então a vida da fé também está em risco. Como vós próprios relatastes, muitos - especialmente os pobres na sua luta pela sobrevivência - são enganados por promessas vazias em falsos ensinamentos que parecem oferecer alívio rápido em tempos de desespero», assinalou, num discurso entregue aos membros da conferência episcopal do país africano.
A intervenção desafiou os bispos a não se esquecerem de ir ao encontro dos membros mais desfavorecidos da sociedade, entre os quais estão os pobres e os que sofrem com o HIV/SIDA. «A grande maioria dos pobres tem uma abertura especial para a fé, precisam de Deus e devemos oferecer-lhes a sua amizade, a sua bênção, a sua palavra, a celebração dos sacramentos e um caminho de crescimento e maturidade na fé», sustentou.

O Papa convidou os bispos a serem sempre solícitos na defesa do "santuário da vida" que é a família, célula fundamental da sociedade e da Igreja. Francisco encorajou ainda os responsáveis eclesiais a estarem perto dos jovens, para ajudá-los a encontrar os seus objetivos, na vocação à vida matrimonial ou na vocação celibatária à vida sacerdotal ou consagrada.

Em conclusão, o Papa falou da «necessidade imperiosa» de evangelizar as culturas para inculturar o Evangelho. «Apesar do encontro, por vezes doloroso, de formas antigas com a nova esperança que Cristo traz a todas as culturas, a palavra da fé criou raízes profundas, multiplicando-se cem vezes mais, e uma nova sociedade zambiana transformada pelos valores cristãos emergiu», observou.

Texto: Agência Ecclesia
Foto: D.R.

17 de novembro de 2014

Papa confirmou participação no Encontro Mundial das Famílias e rejeita família «ideológica»

O Papa Francisco disse hoje no Vaticano que a Igreja Católica rejeita uma família construída com base em ideologias que ignoram a «complementaridade» de um pai e de uma mãe na educação dos filhos. «As crianças têm o direito de crescer numa família, com um pai e uma mãe, capazes de criar um ambiente idóneo para o seu desenvolvimento e o seu amadurecimento afetivo», declarou, perante os participantes num colóquio inter-religioso sobre a complementaridade homem-mulher, promovido pela Congregação para a Doutrina da Fé (Santa Sé), noticia a Agência Ecclesia.

Francisco aproveitou esta ocasião para confirmar a participação no 8.º Encontro Mundial das Famílias que vai decorrer em setembro de 2015, na cidade norte-americana de Filadélfia. A intervenção alertou para a «armadilha» de se qualificar a família a partir de conceitos de natureza ideológica, com um valor limitado do ponto de vista histórico e antropológico.
«Não se pode falar hoje de família conservadora ou de família progressista: a família é família. Não a deixemos qualificar assim com este ou outros conceitos, de natureza ideológica. A Família é por si mesma, tem uma força própria», precisou o Papa.

Francisco elogiou a escolha do tema da «complementaridade» para este colóquio internacional, considerando que o conceito está «na base do matrimónio e da família». Neste contexto, o Papa alertou para a «crise» provocado por uma «cultura do provisório», que leva cada vez mais pessoas a evitarem o compromisso do casamento. «Esta revolução dos costumes e da moral içou, por muitas vezes, a bandeira da ‘liberdade’, mas na verdade trouxe devastação espiritual e material a muitíssimos seres humanos, especialmente aos mais vulneráveis», lamentou.

Francisco disse ser claro que o declínio da cultura do matrimónio está associado a uma série de problemas sociais, que atingem em particular as crianças e os idosos, sublinhando que «a família continua a ser o fundamento da convivência e a garantia contra a desintegração social».
«O compromisso definitivo para a solidariedade, a fidelidade e o amor fecundo responde aos anseios mais profundos do coração humano», referiu.

O Papa concluiu com votos de que este encontro possa servir como inspiração para «todos os que procuram apoiar e reforçar a união do homem e da mulher no matrimónio como um bem único, natural, fundamental e belo para as pessoas, as famílias, as comunidades e a sociedade».

13 de novembro de 2014

Bispos portugueses querem debater relatório do Sínodo com peritos



No final da Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), D. Manuel referiu que a reflexão feita pelos bispos portugueses sobre o Sínodo da Família que decorreu no passado mês de outubro em Roma vai no sentido de «aproveitar as reflexões do relatório final», para que se possam reflectir as questões mais importantes na preparação do sínodo ordinário dos bispos do próximo ano no Vaticano. «A indicação que vem de Roma é que aproveitemos as conclusões do relatório final do Sínodo para que sirvam de base da reflexão e depois nos assessoremos com peritos de diversas áreas», disse D Manuel Clemente aos jornalistas.

No comunicado final da Assembleia, os bispos referiram que o relatório final «servirá de apoio, a nível da CEP e das várias instâncias diocesanas, para a preparação da próxima sessão ordinária», e adiantaram que a prioridade, em Portugal, será dada prioridade «à pastoral familiar, para que a comunidade cristã seja sempre autêntica “família de famílias”», sem no entanto «descurar as várias problemáticas e dificuldades relacionadas com a família».

O presidente da CEP não especificou como será feita esta reflexão, mas indicou que a CEP irá eventualmente contar com peritos de diversas áreas nas suas reflexões. «A CEP vai trabalhar com peritos, mas também as dioceses irão trabalhar, só ainda não sabemos como, o secretariado permanente é que vai dinamizar isso», referiu o prelado aos jornalistas.

Sobre a abertura a mudanças na Igreja, D. Manuel Clemente sustentou que os «bispos portugueses estão com muito boa vontade para conciliar da maneira mais autêntica a tradição católica com as respostas que precisamos de dar a situações mais graves ou que são mais frequentes do que eram antigamente», à semelhança do que «já se vem a fazer na Igreja em todo o mundo», acrescentou.

O Patriarca de Lisboa ordenou as temáticas que terão de ser abordadas por todos os que quiserem reflectir sobre este tema. «Existem três alíneas a abordar: o interesse pela realidade familiar, reforçar a formação dos casais e outros agentes e encontrar formas de resolver, dentro da nossa tradição, os problemas que existem e hoje se colocam», elencou o prelado.

Revelando que ficou «surpreendido» com a capacidade de resposta ao questionário enviado pelo Papa aos fiéis, D. Manuel Clemente explicou que as pessoas consideram que «a temática da família é fundamental na sociedade, é uma realidade básica onde a presente situação ainda mais sublinha a sua importância, com os desafios da intergeracionalidade». «Há uma necessidade de reforçar o apoio às famílias para que elas não se sintam tão desamparadas», defendeu.

Na questão da formação e preparação para o matrimónio, o presidente da CEP defendeu que «os cursos de preparação para o matrimónio são importantes, mas insuficientes para fazer face às necessidades dos casais hoje em dia, já para não falar do acompanhamento pós-matrimónio», e lembrou que «a doutrina da Igreja precisa de ser afirmada em contraste com outras realidades familiares que existem».

1 de novembro de 2014

«A Europa deve olhar para o Médio Oriente quando pensa na família»



O Patriarca Gregório III, da Igreja Greco-católica Melquita da Antioquia e de todo o Médio Oriente, Alexandria e Jerusalém, com sede em Damasco, está em Portugal para falar da situação dos cristãos no Iraque e na Síria, a convite da fundação Ajuda à Igreja que Sofre. No final da conferência que proferiu na Fundação Pro-Dignitate, em Lisboa, esteve à conversa com a Família Cristã sobre o Sínodo da Família que decorreu em Roma, onde participou. 

Gregorius III mostrou-se satisfeito com o evento, que classificou de «convincente». «Pudemos ver, através da opinião de todos os bispos de todo o mundo, como está a situação em todo o lado e agora podemos ver como lidar com estas questões em cada país e vamos trazer as nossas ideias para o sínodo do próximo ano», afirmou.

Para o Patriarca sírio, não foram tomadas decisões não por falta de consenso, mas por não haver indicações nesse sentido, daí apenas terem surgido propostas e reflexões nos documentos apresentados aos fiéis. No que toca à Igreja do Médio Oriente, Gregorius III defendeu que, apesar dos problemas que afetam as famílias nos diferentes continentes, «a única zona que não tem problemas na família em todo o mundo é o Médio Oriente».

«Apesar dos outros problemas que temos, como a guerra ou a pobreza, a família é algo que se mantém forte. Pai, mãe, avós, tios… todos se protegem e protegem a família. Aqui na Europa isso não acontece, cada um olha por si. Este tipo de sociedade que temos lá ajuda-nos a defender a família», sustentou o prelado, que afirmou que se mostrou espantado por verificar a existência de tantos problemas que não existem nas suas comunidades e famílias.

O Patriarca alertou para o risco de deixar a ideologia secularista e que privilegia o relativismo vingar onde parece que está a ganhar terreno, como a Europa e a América do Norte, comparando-a à ameaça do Islão ou mesmo do autoproclamado Estado Islâmico. «A ideologia secularista ateia é mais perigosa para o Cristianismo e para a fé que o Islão ou o ISIS», avisou. 

E é nesse sentido que deixa a proposta. «A Europa deve olhar para o Médio Oriente quando pensa na família. E do Oriente virá a luz, como se diz, e nós estamos no berço da Cristandade, pelo que podem aprender connosco e com a nossa experiência», garantiu o prelado sírio.

Texto e Fotos: Ricardo Perna